Estamos na reta final de 2025 e o novo ano começa em menos de duas semanas.
Com ele, entram em cena novas regras, nova lógica tributária e novos riscos.
Mesmo com a transição gradual até 2032, 2026 já exige mudança de postura.
Quem virar o ano com cadastros errados, preços desatualizados ou sistemas despreparados começa janeiro perdendo margem ou acumulando risco fiscal.
Este artigo é um alerta final para:
- o que não pode ficar para depois da virada;
- os erros mais comuns no início de 2026;
- o que ainda dá tempo de corrigir agora.
O que já precisa estar no radar antes do dia 1º de janeiro
IBS e CBS: a nova lógica já começa a valer
IBS e CBS formam o IVA dual, substituindo gradualmente ICMS, ISS, PIS e Cofins. A regra central é a não-cumulatividade, com crédito condicionado a documento fiscal eletrônico idôneo. Exportações permanecem imunes. Se sua empresa entra em 2026 sem controle claro de documentos e créditos, o problema aparece já no primeiro fechamento.
Cesta Básica Nacional: atenção na virada
Itens da Cesta Básica têm alíquota zero de IBS e CBS, conforme lista por NCM/SH na lei complementar. Classificação incorreta não é ajuste simples depois: é erro que nasce no dia 1º de janeiro e impacta o ano inteiro.
Imposto Seletivo: impacto direto no preço
O IS incide uma única vez sobre bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente (ex.: bebidas alcoólicas e açucaradas, produtos fumígenos, veículos, alguns bens minerais) e não gera crédito. Se o preço de janeiro não considerar o IS, a margem já começa errada.
Reduções e regimes diferenciados
A EC 132/2023 e a LC 214/2025 permitem reduções uniformes e regimes diferenciados (alíquota zero/reduções/créditos presumidos) — p. ex., reduções significativas para saúde, educação, ampla cesta de alimentos e serviços profissionais fiscalizados por conselho. Na virada do ano, não basta intenção: é enquadramento correto, CNAE compatível e documentação pronta.
Nota de transição: entre 2029 e 2032, se a mesma operação cruzar regimes em anos distintos, prevalece a legislação do primeiro ano; se ICMS/ISS não se aperfeiçoar até 31/12/2032, será devido apenas o IBS.
O maior risco: virar o ano “do mesmo jeito”
Não é “só mais um exercício”.
Em 2026:
- preço errado vira perda imediata de margem;
- crédito não aproveitado vira custo;
- cadastro errado vira risco fiscal desde o primeiro mês;
- falta de controle vira problema acumulado.
O que não estiver ajustado agora gera efeito dominó ao longo do ano.
O que ainda dá tempo de ajustar nos próximos dias
- Cadastros críticos
- Revisão de NCM (produtos) e NBS (serviços);
- Identificação correta do destino da operação (IBS);
- Verificação de itens com Cesta Básica ou reduções.
- ERP e documento fiscal
- Checar se o sistema está preparado para IBS/CBS;
- Garantir que documentos recebidos gerem crédito válido;
- Ajustar integrações com marketplaces e plataformas.
Sem documento idôneo, não existe crédito em 2026.
- Preço e margem
- Reavaliar preços com base na nova carga estimada;
- Considerar créditos reais, não teóricos;
- Incluir o IS quando aplicável.
Preço antigo com regra nova é prejuízo anunciado.
- Governança e compliance
- Estrutura mínima de controle de créditos e saldos;
- Trilhas de auditoria organizadas;
- Preparação para fiscalizações e apurações assistidas (sem prejuízo do lançamento de ofício).
Impactos práticos por setor já na largada de 2026
Varejo e E-commerce
Classificação fiscal e preço correto definem a margem já em janeiro (atenção a NCM e Cesta Básica).
Serviços
Redução para serviços profissionais fiscalizados por conselho depende de enquadramento e prova desde o primeiro contrato.
Indústria
Crédito amplo, mas dependente de cadastro e ERP bem estruturados; confira a base da operação (frete/seguros cobrados) e exposição ao IS.
Imobiliário
CIB, Redutor de Ajuste e Redutor Social exigem organização por empreendimento, não deixe para depois.
Em resumo: a contagem regressiva já começou
O que não estiver ajustado até a virada começa errado.
Ainda dá tempo de:
- revisar cadastros críticos;
- simular o impacto real da nova carga;
- corrigir preços;
- estruturar controles mínimos.
Depois disso, o custo é maior.

