Barreiras tarifárias dos EUA: um cenário preocupante para o Brasil e para o mundo

Por Andreia Matias de Oliveira, Diretora Administrativa – Juscon Contábil

Tempo de leitura 3 minutos

Em 16 de julho de 2025, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do IBGE, divulgou um estudo que revela impactos econômicos expressivos resultantes das tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos sobre 16 países, incluindo o Brasil e a China.

📉 Impactos estimados no PIB e no comércio global

  • Economia global: retração de 0,12% no PIB mundial, com redução de 2,1% no comércio internacional, o equivalente a aproximadamente US$ 483 bilhões.
  • Estados Unidos: queda projetada de 0,37% no PIB, resultado direto das tarifas impostas a parceiros como Brasil, China, Japão e Coreia do Sul.
  • Brasil e China: ambos registrariam uma retração de 0,16% do PIB.

💼 Consequências diretas para a economia brasileira

Segundo o levantamento, a diminuição de 0,16% no PIB brasileiro implicaria perdas econômicas estimadas em R$ 19,2 bilhões anuais, queda de R$ 52 bilhões em exportações e eliminação de aproximadamente 110 mil empregos.

Setores mais afetados

  • Tratores e máquinas agrícolas: exportações podem cair 11,31%, com produção reduzindo 4,18%;
  • Aeronaves, embarcações e equipamentos de transporte: recuo de 22,33% nas exportações, com produção caindo 9,19%;
  • Carnes de aves: exportações diminuem 11,31%, produção cai 4,18%.

Impacto por estado

As perdas no PIB estadual se concentram em São Paulo (– R$ 4,4 bilhões), seguido por Rio Grande do Sul e Paraná (ambos com – R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (– R$ 1,7 bilhão) e Minas Gerais (– R$ 1,66 bilhão).

🔍 Panorama das relações comerciais Brasil–EUA

  • Tarifa média brasileira sobre importações dos EUA: cerca de 2,7% em 2023, segundo dados da Receita Federal.
  • EUA como parceiro: ocupa o 3º lugar entre os destinos das exportações brasileiras (12%) e a origem de 16% das importações. Em 2024, a indústria de transformação brasileira teve 78,2% das exportações destinadas aos EUA.
  • Entre 2015 e 2024, os EUA mantiveram superávit com o Brasil nos bens (US$ 43 bilhões) e serviços (US$ 165 bilhões).

🧠 Visão estratégica: “perde‑perde” para todos

O presidente da CNI, Ricardo Alban, enfatizou que a política tarifária adotada pelos EUA representa um jogo de soma zero, prejudicando tanto os países-alvo quanto os próprios EUA. Segundo ele, é essencial intensificar negociações e destacar a complementaridade nas relações comerciais entre Brasil e EUA.

Considerações finais

O estudo revela que o tarifaço anunciado pelos EUA, com sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, inaugura um cenário de instabilidade global. Além dos impactos diretos sobre o PIB, exportações e emprego brasileiros, a medida representa risco significativo para a própria economia dos EUA e ameaça o frágil equilíbrio do comércio internacional.

Para o Brasil, trata-se de momento crítico que exige ação diplomática e cooperação multilateral visando evitar escaladas protecionistas e preservar um modelo de comércio pautado na complementaridade e na estabilidade econômica.

Caso deseje, posso aprofundar a análise em um setor específico (como agroindústria, transporte ou empregos) ou explorar possíveis cenários alternativos de resposta da política externa brasileira.

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