Copom Interrompe Ciclo de Alta e Mantém Selic em 15% ao Ano

Por Andreia Matias de Oliveira, Diretora Administrativa – Juscon Contábil

Tempo de leitura 3 minutos

Contexto e Decisão da Reunião

Em 30 de julho de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom), liderado pelo presidente do Banco Central Gabriel Galípolo, decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, encerrando um ciclo de sete aumentos consecutivos iniciados em setembro de 2024. A decisão foi tomada por unanimidade entre os diretores e já era esperada pelo mercado.

A taxa atual de 15% ao ano é a mais alta desde julho de 2006, quando a Selic chegou a 15,25%.

Argumentos do Copom

No comunicado, o Copom enfatizou que a interrupção do ciclo de alta visa permitir a avaliação dos efeitos acumulados das elevações já implementadas. A política monetária continuará em um patamar “significativamente contracionista por período bastante prolongado” para garantir a convergência da inflação à meta de 3% anual.

O comitê também expressou preocupação com incertezas externas, especialmente em relação a tarifas comerciais dos Estados Unidos que podem afetar preços internos e ampliar riscos inflacionários. Apesar da pausa, foi reafirmado que novas altas não são descartadas caso os indicadores econômicos se deteriorem ou a inflação volte a acelerar.

Panorama Econômico e Expectativas

A inflação acumulada em 12 meses (IPCA) registrou 5,35% em junho, ainda acima do teto da meta. O Copom indicou que manterá vigilância rigorosa sobre previsões de longo prazo, que seguem desancoradas.

Segundo pesquisa da Reuters antes da reunião, todos os 35 analistas esperavam que a Selic fosse mantida, com apostas concentradas em cortes a partir de dezembro de 2025 ou início de 2026, dependendo da evolução das expectativas de inflação.

Perspectivas de mercado

  • Inflação esperada para 2025: cerca de 4,9%, segundo o Banco Central.
  • Meta de inflação para 2026: estimada em 3,6%, de acordo com projeções do BC.
  • Possível corte da Selic em 2026, com cenário condicionado a ancoragem das expectativas e melhora da confiança fiscal.

Efeitos Práticos na Economia

A elevada taxa Selic tem consequências imediatas para diversos segmentos:

  • Crédito mais caro, impactando consumo e investimento, especialmente nos setores de varejo e construção.
  • Rendas de aplicações financeiras, como o Tesouro Direto e CDBs, tornam-se mais atrativas diante dos juros elevados.
  • Valorização do real, com forte entrada de capital estrangeiro, ajudando a conter pressões inflacionárias vindas do câmbio.

Caminho a Seguir

Na avaliação do Copom, o cenário será acompanhado de perto nos próximos meses em busca de sinais concretos de que os efeitos do aperto monetário já estão sendo transmitidos à economia real. Novas reuniões serão oportunidades para reavaliar a posição, com possibilidade de retomada do ciclo de alta caso os dados indiquem avanço de riscos inflacionários.

📌 Resumo

TemaSituação atual
Taxa SelicMantida em 15% ao ano, maior patamar desde 2006
Ciclo de altaInterrompido após sete aumentos seguidos desde setembro de 2024
Motivo da pausaAvaliar efeitos dos aumentos já feitos e tentar convergir inflação à meta
Inflation OutlookAcima da meta: 5,35% em 12 meses; projeções: 4,9% (2025), 3,6% (2026)
Cenário externoTensão com tarifas dos EUA e risco fiscal doméstico ampliam incerteza
Próximos passosManter patamar elevado por tempo prolongado; possível retomada se necessário

A decisão do Copom em 30 de julho de 2025 representa uma guinada cautelosa na política monetária brasileira. Ao pausar o ciclo de alta e manter a Selic em 15% ao ano, o Banco Central busca avaliar se as altas acumuladas já são suficientes para controlar a inflação. Embora sinalize prudência, o comitê deixa claro que permanece vigilante e disposto a retomar o ajuste se as condições exigirem.

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