Reforma Tributária e o Simples Nacional: um novo cenário de escolhas para pequenas e médias empresas

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A reforma tributária aprovada no Brasil, consolidada pela Emenda Constitucional nº 132/2023, está reformulando profundamente o sistema atual de impostos sobre consumo. O modelo antigo, baseado em cinco tributos distintos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS), será gradualmente substituído por um “IVA duplo”, a CBS (federal) e o IBS (estadual/municipal), com o objetivo de acabar com a cumulatividade e simplificar a cobrança.

O que isso representa para o Simples Nacional?

Embora o Simples Nacional continue existindo como regime tributário, mantendo a unificação de tributos via DAS, seu ambiente fiscal passa por transformações significativas. A grande virada está na redistribuição dos créditos fiscais no mercado B2B. Antes, empresas no regime pleno podiam compensar integralmente o PIS/Cofins pelos seus clientes; agora, se contratam empresas do Simples, só poderão descontar impostos efetivamente recolhidos via DAS, diminuindo a atratividade do fornecedor.

A resposta fiscal: solução híbrida

Como contramedida, foi proposta uma alternativa moderna: o “Simples Nacional Híbrido”. Nesse formato, optantes podem continuar no regime simplificado para tributos como IRPJ e CSLL, mas recolher CBS e IBS “por fora”, nos moldes de Lucro Presumido ou Real. Isso permite geração de créditos fiscais tanto para o próprio empreendedor quanto para seus clientes, mas pode encarecer a carga tributária geral, com alíquotas que, em alguns modelos, superam 26%.

Um mercado polarizado entre B2C e B2B

Estudos recentes apontam que mais de 70% das empresas no Simples não vendem ao consumidor final (B2C), ou seja, operam com empresas (B2B) e estão entre as mais impactadas pelas mudanças nos créditos fiscais. Setores como tecnologia, serviços e logística podem ser especialmente afetados.

A aposta pelo planejamento estratégico

Diante desse cenário, não basta manter o status quo. Empresas devem:

  • Identificar se atuam mais em B2B ou B2C: quem vende para outras empresas está mais exposto às novas regras.
  • Fazer simulações detalhadas comparando os regimes tradicional, híbrido e Lucro Presumido/Real.
  • Consultar profissionais contábeis especializados, pois este será um período decisivo para planejar precificação, competitividade e fluxo de caixa.

Resumo dos principais pontos

TemaImpacto/Medida
Reforma TributáriaSubstituição dos cinco tributos por CBS e IBS (IVA duplo).
Simples NacionalMantido como regime, mas com alterações indiretas nos créditos fiscais.
Competitividade B2BEmpresas do Simples perdem atratividade por oferecerem menos crédito fiscal.
Simples HíbridoOpção que permite crédito fiscal pleno, porém com maior ônus tributário total.
Estratégia necessáriaSimulação tributária e apoio contábil especializado, especialmente em B2B.

A reforma não extingue o Simples, mas redesenha seu contexto fiscal. A opção tradicional ainda é válida, especialmente para negócios B2C. Para empresas com foco B2B, o modelo híbrido pode ser um recurso estratégico para manter competitividade. A chave para quem quer prosperar é se antecipar, simular cenários e ajustar o plano tributário desde já, pois o novo sistema será implementado a partir de 2026.

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