Tempo de leitura 4 minutos
Por Danilo Vida, Diretor de Operações – Juscon Contábil
Com a promulgação da Reforma Tributária em 2025, o Brasil inicia um novo ciclo fiscal que promete reestruturar profundamente a forma como empresas lidam com seus tributos. Mais do que uma simples mudança legislativa, essa transição fiscal impõe desafios práticos e estratégicos para todos os setores da economia, do comércio à indústria, do agronegócio ao setor de serviços.
Em meio a incertezas, surgem oportunidades. Mas será preciso agilidade e inteligência para atravessar esse novo cenário com competitividade e segurança.
Desafios e Ajustes no Comércio, Varejo e Atacado
O setor de comércio será diretamente impactado por mudanças que exigirão adaptações rápidas em sistemas de emissão fiscal, estratégias de precificação e operações logísticas. Produtos que antes eram isentos começam ser tributados, reduzindo margens de lucro.
Além disso, o aumento da carga tributária e o fim de benefícios fiscais estaduais elevarão os custos operacionais. Pequenos varejistas, especialmente aqueles do Simples Nacional, tendem a perder competitividade diante da redução de créditos e das exigências de conformidade tecnológica. A incerteza regulatória também dificulta o planejamento tributário, e há o risco real de retração no consumo com o repasse dos novos custos ao consumidor final.
Indústria: Pressão no Curto Prazo e Vantagens no Longo
A indústria deve passar por um momento de grande reorganização. O fim da substituição tributária, concentrada nesse setor, exige ajustes imediatos. Ainda que haja previsão de redução da carga média, a indefinição sobre as alíquotas finais preocupa os empresários.
Produtos específicos, como veículos, bebidas alcoólicas e cigarros, enfrentarão sobretaxação. A reforma também exige novos investimentos em tecnologia e automação para manter a competitividade e assegurar aproveitamento de créditos.
Por outro lado, há expectativa de um ambiente mais atrativo para investidores, principalmente pela transparência do novo modelo e estímulos ligados à transição energética.
Agronegócio em Alerta: Tributação, Incentivos e Produtividade
Produtores rurais encaram um cenário delicado. A ampliação da carga tributária, somada ao fim de isenções sobre insumos essenciais (sementes, fertilizantes, biodiesel), pode elevar significativamente os custos de produção.
As alterações na exportação e na recuperação de créditos tributários geram insegurança, especialmente para pequenos produtores.
Setores que dependem de regimes especiais e produtos de cesta básica estendida podem ser particularmente afetados, reforçando a necessidade de planejamento tributário individualizado.
Setor de Serviços: A Conta Mais Alta
Empresas prestadoras de serviços podem enfrentar um dos maiores impactos. A alíquota média, que gira em torno de 8,65%, poderá saltar para até 28%. Isso representa um aumento expressivo de custos, muitas vezes sem possibilidade de compensação via créditos tributários, já que a folha de pagamento, principal despesa do setor, não gera créditos.
A não inclusão de parte do setor na lista de alíquotas reduzidas e a necessidade de investimentos em conformidade tecnológica agravam o cenário. Para as empresas do Simples Nacional que contratam prestadores de serviços, os custos indiretos também aumentarão.
Transportes: Fretes Mais Caros e Competitividade Ameaçada
No setor de transportes, o aumento da alíquota tributária pode elevar o custo do frete em mais de 15%, afetando diretamente a cadeia logística e a competitividade do setor industrial e comercial.
O Imposto Seletivo sobre combustíveis como o diesel deve desencadear efeitos em cascata nos preços de produtos e serviços. A renovação de frota também se torna mais cara, com aumento acima de 35% no custo de aquisição de equipamentos.
Empresas precisarão lidar com maior dificuldade para recuperação de créditos e enfrentar um modelo híbrido de transição até 2033, aumentando a complexidade fiscal e financeira.
A Hora de Se Posicionar é Agora
A Reforma Tributária não é apenas um tema técnico; é um divisor de águas estratégico. Empresas que se anteciparem e investirem em estruturação, tecnologia e análises específicas de impacto estarão mais preparadas para manter a rentabilidade e ganhar vantagem competitiva.
O planejamento tributário eficaz, feito com base na nova realidade fiscal, é essencial para evitar surpresas e aproveitar oportunidades. A reorganização precisa começar agora — antes que as mudanças deixem de ser uma previsão para se tornarem uma urgência.
Fonte de pesquisa: Data Tax 2025 – Insights sobre os Impactos da Reforma Tributária.