Reforma Tributária: o que muda em 2026 e como sua empresa deve se preparar desde já

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O ano de 2026 marca o início prático da transição para o novo modelo de IVA dual no Brasil. Mesmo sendo fase de adaptação, há exigências reais de sistemas, escrituração e caixa. Entenda o que muda, o que fazer e como transformar a transição em vantagem competitiva.

O que muda em 2026

1) IBS e CBS entram em cena (com cobrança e compensação)

A partir de 1º de janeiro de 2026, passam a valer os novos tributos do IVA dual:

  • CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços (federal)
  • IBS – Imposto sobre Bens e Serviços (estadual/municipal)

Em 2026, haverá destacado e cobrado nas notas:

  • 0,9% de CBS
  • 0,1% de IBS

Esses valores são recolhidos, mas funcionam sob regra de compensação/ressarcimento prevista na Constituição (e detalhada na lei complementar). Em termos práticos: você calcula, destaca, recolhe e depois compensa com tributos federais elegíveis ou ressarce dentro das regras e prazos. A legislação complementar também prevê dispensa de recolhimento em condições específicas desde que as obrigações acessórias sejam cumpridas, portanto, não é correto dizer que “em 2026 não se recolhe”; há recolhimento com mecanismos de neutralização financeira.

2) Dois sistemas convivendo

Em 2026, PIS, Cofins, ICMS, ISS e demais tributos atuais continuam vigentes. Você operará dois modelos simultaneamente:

  • o novo (IBS/CBS) com a lógica de destaque, compensação/ressarcimento;
  • o atual (ICMS/ISS/PIS/Cofins) normalmente.

3) Obrigações eletrônicas e leiaute

Os ERPs e as plataformas de documentos fiscais eletrônicos devem estar aptos a destacar IBS/CBS e a compartilhar as informações no ambiente nacional. Falhas de atualização podem gerar rejeição de NF, inconsistências e retrabalho.

Impactos práticos para 2026

  1. Sistemas de emissão de notas
    Atualize ERP e NF-e para:
  • incluir campos de IBS e CBS;
  • aderir ao leiaute unificado e compartilhamento nacional.
  1. Escrituração e processos
    Mesmo com compensação:
  • adapte rotinas de apuração;
  • ajuste controles internos;
  • treine a equipe fiscal/contábil;
  • revise obrigações acessórias.
  1. Caixa, precificação e contratos
  • Haverá efeitos de caixa (ciclo recolhe–compensa–ressarce/dispensa).
  • Na transição (2026–2032), a base do IBS/CBS não inclui os tributos “legados” (ICMS/ISS/PIS/Cofins), o que altera formação de preço e cláusulas contratuais.
  • Antecipe revisões de margens e renegociações com fornecedores e clientes.
  1. Governança tributária
    Padronize processos, formalize políticas de crédito, documente rotinas e alinhe fiscal, contábil, compras e faturamento. A qualidade dos dados passa a ser decisiva.

Cronograma da transição (simplificado e correto)

  • 2026
    • CBS 0,9% e IBS 0,1%: cobrança com compensação/ressarcimento (e possibilidade de dispensa nas condições legais).
    • Leiaute/compartilhamento de DF-e já exigem adequação de sistemas.
  • 2027–2028
    • CBS segue cobrada;
    • IBS cobrado a 0,05% + 0,05%;
    • Ajustes de transição (incluindo redução de 0,1 p.p. na CBS para acomodar os percentuais do IBS).
    • Cashback (devolução a pessoas físicas): CBS com base de consumo a partir de jan/2027.
  • 2029–2032
    • Redução progressiva de ICMS/ISS (frações decrescentes ano a ano).
    • Cashback do IBS com base de consumo a partir de jan/2029.
  • 2033
    • Extinção de ICMS/ISS e consolidação definitiva do IBS/CBS.

O que sua empresa deve fazer agora (2025 → 2026)

  1. Auditar tributos e operações
    Mapeie incidências atuais, regimes especiais e créditos; avalie impactos nas bases e cálculos sob a transição.
  2. Atualizar ERP e DF-e
    Implemente o destaque IBS/CBS, garanta o leiaute correto e testes de integração.
  3. Treinar a equipe
    Capacite fiscal, contábil, compras e faturamento para as novas regras de crédito, base e obrigações.
  4. Revisar precificação e contratos
    Ajuste listas de preço, cláusulas de tributação destacada e recomposição de equilíbrio econômico-financeiro.
  5. Planejar o caixa da compensação
    Desenhe o ciclo operacional (recolhimento, compensação, ressarcimento/dispensa) e monitore prazos, lastro documental e riscos de glosa.
  6. Acompanhar regulamentação
    Siga as normas complementares (leis, decretos, manuais técnicos e notas técnicas de DF-e) que detalham procedimentos e prazos.

2026 não é apenas “teste”: há cobrança de IBS/CBS com mecanismos para neutralizar impacto econômico, mas isso exige preparação real em sistemas, processos, caixa e governança. Quem antecipar ajustes ganhará eficiência, previsibilidade e segurança; quem atrasar tende a enfrentar retrabalho, inconsistências e risco de autuação.

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