Como as empresas devem se preparar para o novo ciclo fiscal a partir de 2026

A reforma tributária, que entra em vigor em 1º de janeiro de 2026, representa uma mudança profunda no sistema tributário brasileiro. Durante sete anos, as empresas terão que conviver com dois sistemas: o atual e o novo, composto pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).

Apesar da proximidade da implementação, muitas companhias ainda não iniciaram os preparativos. Uma pesquisa da NTT Data revela que 58% das empresas não sabem como agir ou sequer começaram o planejamento. No setor contábil, um estudo da Omie aponta que 60% dos contadores também não se sentem preparados para essa transição.

A seguir, veja os principais pontos da reforma e as estratégias que as empresas podem adotar para mitigar riscos e aproveitar oportunidades.

Principais mudanças da reforma tributária (IBS / CBS)

ElementoSituação atualFuturo com a reforma
Regime de não cumulatividadeLimitado (PIS/Cofins)Extensão plena: praticamente todas as despesas vinculadas à atividade empresarial poderão gerar crédito fiscal
Tributos extintosPIS / Cofins (na forma atual)Serão substituídos pelo IBS e CBS
Convivência entre sistemasExistência simultânea do sistema atual e do novo por período transitório
Ampliação do crédito fiscalParcialMais amplas possibilidades de crédito, inclusive sobre custos operacionais que antes não eram considerados

Essas transformações exigem planejamento estratégico, adaptação de sistemas e mudanças nos processos internos das empresas.

Estratégias para as empresas se anteciparem à mudança

  1. Mapear e revisar a base tributária atual
    Antes de migrar para o novo sistema, é essencial entender quais insumos, despesas e custos não tributáveis atualmente poderão se tornar elegíveis como créditos fiscais.
  2. Reclassificar despesas e custos
    Como o novo regime permitirá maior aproveitamento de créditos, algumas despesas que hoje são tratadas como “não dedutíveis” podem passar a gerar créditos. Uma reclassificação cuidadosa, com orientação técnica, é fundamental.
  3. Adotar inteligência tributária e tecnologia
    Ferramentas tecnológicas serão indispensáveis para auditar despesas históricas e acompanhar fluxos futuros. Sistemas de ERP, módulos fiscais e automações serão aliados estratégicos no novo modelo.
  4. Contratar consultoria especializada
    Muitas empresas já optaram por apoio externo para lidar com a complexidade da transição. Estudos jurídico-tributários, mentorias e suporte técnico são passos recomendados para evitar erros.
  5. Capacitar equipes contábil e financeira
    Contadores, analistas fiscais e gestores financeiros precisam estar aptos a interpretar e aplicar as novas normas. O momento exige atualização constante e treinamento contínuo.
  6. Planejar a transição de forma gradual
    Não basta esperar até 2026 para agir. Empresas que anteciparem as adaptações terão vantagem competitiva, podendo aproveitar regimes especiais, créditos antecipados e evitar surpresas negativas.

Oportunidades e riscos na transição

Oportunidades

  • Recuperação de créditos fiscais não aproveitados.
  • Maior eficiência no fluxo de caixa e redução da carga tributária real.
  • Vantagem competitiva para empresas que se adaptarem antes da vigência.

Riscos

  • Falta de preparo técnico e operacional.
  • Erros na classificação ou no reconhecimento de créditos.
  • Integrações tecnológicas inadequadas, com impacto em sistemas legados.

Considerações finais

A reforma tributária que entra em vigor em 2026 não é apenas um ajuste técnico, trata-se de uma mudança de paradigma para o sistema fiscal brasileiro. Empresas que investirem desde já em planejamento tributário, capacitação e tecnologia estarão mais bem preparadas para o novo ciclo fiscal e poderão transformar a transição em uma oportunidade de crescimento.

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